Quem é Anita? A essa pergunta podemos responder assim: Anita é Cíntia, é Juliana, é Mônica, é Isabel, é Flávia, é Tereza, é Laura, é... quem você quiser. Anita são todas, qualquer uma e nenhuma. Anita é tudo. Quando Lúcia pergunta ao marido qual o nome que ele vai dar ao personagem do seu romance, ele diz: - Anita! Anita tem esse "i" que grita! Esse "i" de maldita! Mais adiante, num outro momento da minissérie, Nando dirá que esse demônio é um anjo. E aos poucos, caminhando por todas as mais de 300 cenas da minissérie, nós mesmos vamos ficando em dúvida, sem saber quem é, verdadeiramente, essa menina que embaralha os sonhos de um homem, tumultua sua vida, faz explodir uma família, sem piedade de ninguém. Tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil de ser compreendida. Ela mente ou fala a verdade? Anita é essa diversidade que nos encanta e nos assusta. Que nos atrai e nos afasta. Que queremos colocar no colo, sem saber direito se é para embalar ou para esganar. Toda mulher tem alguma coisa de Anita, ainda que de maneira oculta, não revelada. Da mesma maneira que todo homem tem fantasias com uma ninfeta. Por essa razão, Nando desperta a desconfiança e a inveja em mulheres e homens. Quando nos propusemos encontrar uma atriz para fazer o papel, pensamos, como requisito fundamental, num rosto que traduzisse toda essa dualidade, esse contraste de emoções, essa mistura de anjo e demônio. E para isso era preciso encontrar uma pessoa nova, jamais vista, que, ao aparecer na televisão, não carregasse nenhuma referência anterior. Anita tinha que ser única e exclusivamente Anita. Diante dessa exigência, precisávamos de uma jovem que fizesse Anita e não a representasse. Que se dispuzesse a ser aquela pessoa. Sem nunca ter feito antes um personagem, Mel Lisboa foi a escolha perfeita, pois soube incorporar o Bem e o Mal de Anita, com seu rosto de menina e alma de mulher, despertando o desejo, a paixão, incendiando a imaginação dos homens e transitando perigosamente peloinconsciente das mulheres. Durante quatro semanas ela foi a reencarnação de Anita, mais de 50 anos depois de assassinada nas páginas do romance de Mário Donato. Agora, com o lançamento da minissérie em DVD, podemos dizer - todos nós que dela participamos - que "Presença de Anita" está entre as tarefas mais honrosas de nossas vidas profissionais. A distribuição dos papéis, em sua totalidade, foi de uma felicidade única, pois ninguém viveria personagens tão complexos como o grupo de atores e atrizes que escolhemos, numa união perfeita de talento, experiência e disciplina no trabalho. "Presença de Anita" é a visão que uma adolescente tem do mundo e das pessoas que a cercam numa pequena cidade do interior de São Paulo, nos dias de hoje. Para isso foi feita uma transposição da história, que originalmente se desenrola em 1948. Duas frases que Anita gosta de repetir nortearam o nosso trabalho. A primeira é: "Existe alguma coisa mais parecida com o Amor, do que a Morte?" E a segunda: "Nada é coincidência, tudo está escrito". A tarefa a que nos propusemos era fazer valer essas duas frases e transformá-las em verdade. Não por todos nós acreditarmos nela, mas por acharmos que só assim conseguiríamos transmitir ao público o espírito da minissérie. O espírito de Anita. Temos certeza que conseguimos. - Manoel Carlos e Ricardo Waddington
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